segunda-feira, 19 de março de 2012

Daqui por diante

Decidi rir, sem querer acreditar que ‘’aquilo’’ tinha acontecido comigo; ri para não chorar, por medo, angústia, não sei... Existem sensações que não se podem expressa-las. Respirei fundo, criei coragem e mantive o sorriso no rosto, tentei transparecer felicidade ou leveza, mas não deu.
Guardei o pequeno teste de farmácia na bolsa e ri mais um pouco, após pensar que aquela pequena ‘’caneta’’, aquele pedaço de plástico, tinha determinado minha tão sonhada gravidez, tão precocemente.
Me levantei, lavei o rosto suado, troquei de roupa e fui encontrá-lo na estação de trem, onde tudo começou e se tivesse de ser, ali acabaria. Procurei andar depressa, observei as pessoas; temendo meu incontrolável pensamento. Ao chegar na estação, o vi sorrindo meio preocupado, curioso e eu sabia perfeitamente o que significava toda aquela ansiedade. O abracei, sem muito apego, pois não sabia se aquele seria o último abraço, então seria melhor sem despedidas; queria ir direto ao ponto e fui.
-Estou grávida...
Soltei na lata. Comecei a chorar, minha visão embaçada impediu-me de ver sua reação imediata, estava tudo turvo e me sentia tonta; creio que ir direto ao ponto me fez ficar mais surpresa do que ele, como se só ali eu tivesse admitido a mim mesma que tinha uma vida dentro de mim e que esta destruiria a minha.
Tentei olhá-lo e percebi que ele ficou sem me ver por alguns minutos, como se viajasse para outro mundo, mesmo com toda aquela multidão; exatamente como eu. As pessoas nos olhavam e isso me irritava muito, o que elas provavelmente pensavam, vendo tudo aquilo, não me interessava e eu queria deixar isso bem claro! Me senti tonta novamente e cambaleei, ele percebeu e me abraçou firmemente, sustentou meu corpo no seu, saiu de seu ‘’transe’’; chorei em seu colo e não senti mais nada, desmaiei.

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