quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A Dona Não Tem Etiqueta da Silva

Nem sempre digo o que penso,
Às vezes só invento,
Acho melhor você saber.

Eu acordo mal humorada,
Mas me esforço e pareço educada,
É melhor te esclarecer.

É que quase nunca me dão abertura
de me parecer comigo mesma.
Mas, não sei, não...
Dizem por aí que a questão é de etiqueta.

Geralmente gosto de falar,
Mas me calo para não incomodar,
Se irritar, você pode dizer.

Eu colocava a cabeça na janela do carro
E então brigaram, alegaram ser arriscado,
Vai dizer que nunca quis fazer?

É que quase sempre me dizem o que posso
e o que não posso ser,
Dizem por aí que a questão é de etiqueta,
Mas um dia vou me exercer.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Mães...

Humrrum... Ta.
Ta, ta...
Caramba, já entendi!!!
Claro que eu grito! Como você espera que eu reaja depois desse blá blá blá?
É blá blá blá sim, você também acha, confesse.
Ta...
Desculpa...
Mas você deveria me pedir desculpa também, não acha?
Certeza?!
Oká.

Terminou?
Então vá, prossiga...
Eu não tô te respondendo!!
Claro que não!! Você quem nasceu no cabresto!!

Não!! Quem decide isso sou eu! Você só tem que me alertar, mas a decisão é minha!
Claro que é! Quem vai pagar minhas contas sou eu, quem vai morrer de fome sou eu!!
Não. Entendo, mas não vou aceitar. Não vou.
Claro que tem essa opção!
Humrrum... Ta... Humrrum...
Pode gritar...
Mais alto...
Quem ta enrugando é você...
Tanto faz.

Sim mas, agora acabou?
Você acha mesmo que eu funciono assim? Não funciono.
Ta, vou ficar calada...
Hum...
Mas... Ta, calei.
...
...
...
...
...
...
Vai falar mais?
...
...
...
...
Mais alguma coisa?
...
...
...
...
Ta, agora posso falar?
...
...
...
...
É...
É.
ÉÉ!!! Não já disse que é?!
Ta.
...
...
Posso falar?
Ta, tudo bem.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

00:30

Os sonhos foram deixados na estrada,
Caminho em direção a realidade,
Que muda a textura do chão,
Num fluxo lento e contínuo atinjo a meia idade.

É visível aos olhos,
Diariamente, a cada fração de segundo,
Minha pele envelhece, enruga, morre,
E minhas costas reclamam do peso de... tudo.

Habitualmente lido com isso,
O tempo me arrasta a força,
Não que deseje retroceder,
Somente cansei de não bancar a boba.

Ao olhar no espelho, vi o reflexo do relógio,
As horas não mentem e já se passaram meia hora,
Meia hora que é meia idade que é meia energia que é meia paciência
Que é meia rasgada, velha, surrada, perdida - bosta!

Mas a verdade é que apesar de morrendo, quero viver,
Mesmo chorando, caindo, sofrendo... - respira....
Pois a verdade me foi revelada:
A causa da morte é a vida.

Faz parte do show nascer, crescer,
É consequência amadurecer, reproduzir,
Está no roteiro envelhecer
E quando der por mim... - morri.

domingo, 8 de setembro de 2013

Tem nome mais feliz que felicidade?

Nem se o dia chorar,
Mamãe resmungar,
Um bom dia ninguém me desejar,
Ou o relógio despertar
E dos compromissos me lembrar;
Não importa, pois hoje estou feliz!

Se a janela não abrir,
O livro terminar, enfim,
Ou da piada eu não poder rir,
Talvez, quem sabe, eu cair
E todo mundo olhar para mim;
Não importa, pois hoje estou feliz!

Ainda que eu seja roubada,
O carro ao passar na poça me deixar ensopada,
Nem se você fizer complô para me ver irritada,
Pode tentar me dar comida estragada,
Me pedir um favor, sem dizer obrigada;
Não importa, pois hoje estou feliz!

Pode me drogar,
Dar murros até ser preciso me internar,
É um favor do acaso o celular pifar,
Esse poeminha pode nem te agradar,
E você, cheio de si, me criticar;
Não importa, pois hoje estou feliz!

Mesmo que eu leve um pé na bunda,
De um cara que tem a cara de uma,
Ou escute conselhos de uma adultera,
Ter que ver toda aquela gente imunda,
E não falo dos mendigos que vivem nas ruas;
Não importa, pois hoje estou feliz!

Querido sutiã, pode apertar, é tudo em vão,
Sim meu vizinho, pode gritar, to aqui comendo sossegada o meu pão,
Todos os ônibus podem entrar em greve, o problema não é meu, não.
Vir o mundo me encharcar de sermão,
Dizer que sou a Dona Ingratidão;
Não importa, pois estou feliz!

E nem juiz,
Meretriz,
Sr. Não Sei O Quê,
Nem mesmo você,
Muda o que escolhi para mim:
Sim, ser feliz!





domingo, 1 de setembro de 2013

Amém?!

Gente sonsa,
Se faz de boba,
Mas de boba não tem nada.
Que diz amém,
Parece ser do bem,
E quando sorri, faz-me parecer ingrata.

Estou farta,
Desses tais,
Que se curvam em fé.
Pelos caminhos,
Me apontam,
Dizem querer me ver de pé.

Eu agradeço,
Toda a dedicação,
Mas sigo sozinha - amém! - com meu próprio sermão.
Me perdoem
O incômodo,
Mas não compactuo com vocês, meus irmãos.

E eu festejo,
Com imensa satisfação,
Faltam só alguns meses para sair da bolha.
Já sinto o vento,
Um pecado, uma garoa,
Um sentimento próprio do mundo; que coisa boa!

Mas agora
O céu festeja,
Mais um filho livrado dessa falsa profecia.
Só alerto,
Em nome de Amor,
Que é preciso dosar, o excesso traz agonia.

Pois bom,
Bom mesmo,
É ser de carne, e osso, e humano.
Já que,
Ser mal,
Falhar, pisar na bola, e xingar, não torna desumano.



Dona de mim

Não acredita?
Mas é verdade,
Sou eu quem decido minha vida.

Quem fecha a janela
Do meu quarto,
Sou eu.
Quem regula,
Para quente, frio, escuro ou claro,
Sou eu.

Quem escolhe,
Se saio ou fico,
Sou eu.
Quem sabe,
Se calo ou irrito,
Sou eu.

Quem opta,
Por negar ou consentir,
Sou eu.
Quem decide,
Falar, pensar ou sentir,
Sou eu.

Quem comanda,
Meu corpo a levantar da cama,
Sou eu.
Quem prefere,
Ficar deitada, só na manha,
Sou eu.

Quem faz,
Meus poeminhas,
Sou eu.
Quem chora,
E se sente sozinha,
Sou eu.

Quem sorri,
Por alegria, piada ou nada,
Sou eu.
Quem se veste,
Ou fica pelada,
Sou eu.

Quem fala,
No meu tom e timbre,
Sou eu.
Quem ama,
Ou finge,
Sou eu.

Quem tem,
O meu ponto de vista,
Sou eu.
Quem concorda,
Em meu nome, com o seu,
Sou eu.

Quem muda,
Minha vida,
Sou eu.
Quem põe,
Ou não a vírgula,
Sou eu.

Quem diz,
Se já acabou ou não, esse poema,
Sou eu.
E eu digo,
Mais uma vez,
Sou eu.

Entendeu?!