quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Surreal


     Sinto o tremor; invade-me como o alívio de uma dor indo embora, uma vontade sessada; arrepio-me. Sinto cada vez mais - não me pergunte como -, a energia afundando em cada célula de meu corpo, mergulhando, penetrando o que era impermeável. Sinto a mesma energia passar por cada ligamento de minha coluna; um a um. Meus pelos eriçados como um porco espinho, sua boca delicia-se ao tocar a minha; seu olhar de cautela me quer, eu vejo. É tudo recíproco, acredite...
Dou risada para disfarçar tamanha vermelhidão ao notar que sou observada; digo ''pare'', mas gosto e peço que não, não pare.
     Teu afago é como brisa que refresca um rosto abafado por temperaturas elevadas e choros inacabados. Eu sinto o vento, sorrio, me satisfaço; parece sonho... É um fluido tão eficaz, denso e concreto; transborda. Sinto-me leve como uma pluma que é levada onde o acaso quiser, onde a ventania ordenar. Sinto-me guardada, como uma pétala em um botão. Teu sangue pulsa na mesma velocidade que o meu retorna; ganho vida novamente. Teu cheiro hipnotiza e dele me aproveito quando durmo. É um constante torpor.
     Estou à mercê da mãe-natureza e só vou se você for.

domingo, 12 de agosto de 2012

Forma-atar.

Dizem por aí, os mais sabidos, que me falta formatação
 Mas não ter forma
  Também é forma...
   Sigo meu padrão.
    Tanto que escrevo estes versos, sem ligar para o tal.
     O que me interessa é falar, fazer pensar
      E isso eu faço
       Mesmo que eu não seja a tal.
        Não tenho necessidade de me atar a forma,
         Não quero me formatar.
          Esse é meu exemplar de que
           Não importa como seja;
   Seja.

sábado, 11 de agosto de 2012

Quei-mar.

Queimo em mar, de mágoas ardentes, que refrescam a dor com seu sal, com sua cor viva que me faz nadar em inveja. O mar, com toda a sua mágoa, é mais vivo que eu; assim, pequena... Nado sem enxergar; o sal que refresca, cega.
Arde...
Arde.
Queima.
Ârrrr...
Meu braço geme, suplica uma pausa; meu metabolismo já não é o mesmo. É preciso calma para alcançar; penso ofegante. Não sei se paro e afundo ou morro a nadar, eis a dúvida de como me matar. Suspiro e dou um risinho sem graça alguma; é confuso decidir como afundar, qual opção me convém? D'um lado o ato de morrer nadando e ter honra; d'outro o desejo de parar e ter um último descanso antes de afundar. Eu me preocupava com a honra antes de morrer - deplorável.
Acordo com o zunir de algum inseto medonho, estou suada e percebo que o meu mar são lembranças, rancores e o sal é lágrima. Eu afundei ao nadar dentro de mim.