quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Surreal


     Sinto o tremor; invade-me como o alívio de uma dor indo embora, uma vontade sessada; arrepio-me. Sinto cada vez mais - não me pergunte como -, a energia afundando em cada célula de meu corpo, mergulhando, penetrando o que era impermeável. Sinto a mesma energia passar por cada ligamento de minha coluna; um a um. Meus pelos eriçados como um porco espinho, sua boca delicia-se ao tocar a minha; seu olhar de cautela me quer, eu vejo. É tudo recíproco, acredite...
Dou risada para disfarçar tamanha vermelhidão ao notar que sou observada; digo ''pare'', mas gosto e peço que não, não pare.
     Teu afago é como brisa que refresca um rosto abafado por temperaturas elevadas e choros inacabados. Eu sinto o vento, sorrio, me satisfaço; parece sonho... É um fluido tão eficaz, denso e concreto; transborda. Sinto-me leve como uma pluma que é levada onde o acaso quiser, onde a ventania ordenar. Sinto-me guardada, como uma pétala em um botão. Teu sangue pulsa na mesma velocidade que o meu retorna; ganho vida novamente. Teu cheiro hipnotiza e dele me aproveito quando durmo. É um constante torpor.
     Estou à mercê da mãe-natureza e só vou se você for.

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