sexta-feira, 20 de julho de 2012

A máscara do poder

Estive em casa, com minha mãe protetora e meu pai zeloso, estive em meu quarto com meu ursinho, travesseiro e CD's  que me fazem rir, dançar com os pés no ar e minha mente bailar pelo mundo e de repente a sombra invadiu o lugar que por direito pertencia a minha luz e eu senti a angústia ser cravada em minhas costas, como um peso, uma cruz, que dói e me fez curvar a postura - que deveria ser ereta. Uma máscara surgiu em minha visão e ela se aproximou de minha face e senti quão gélida e amarga era; fez-me parar de salivar e embaçou minha visão com uma espécie de fumê que me tirou a nitidez, as cores... Senti um rancor me invadir, uma morbidez externa e tremor profundo. Uma serenidade segura e falsa. Ouvi um sussurro ''É assim que deve serr... Shii... Não tema, todos são assimmm...''; a voz era forte e suave o que a tornou sedutora e me senti conduzida a obedecê-la. O fiz, imediatamente e sem questionar. Disfarcei a dor, me pus ereta novamente, mantive o olhar distante, sereno e misterioso, desatei a mão que estava fechada em punho... A abri, como quem fica feliz em recebê-lo - mentira - e sorri, com a mais perfeita expressão que uma atriz pode ter. Mas algo em mim gritou querendo sair, era a luz. A sanidade queria espaço, queria ar! Mas a máscara a continha e um conflito surgiu em mim. Não sei se por medo - o mesmo medo que a máscara me induziu a perder - ou por raiva; apenas chorei. A máscara não aceitou e disse-me em pensamento ''Você não é tão boa quanto pensei, me perdeste.'' e saiu de meu rosto. Sua voz não fora sedutora, mas rude e autoritária, como de quem detinha o controle do mundo - e tinha. Chorei de novo, de alívio. Senti que por um momento deixei o mundo mudar quem eu sou, senti que fui dominada pelo mal, fui fraca e o sistema desumano tinha-me em seu controle; desabei em minha cama e afirmei a mim mesma que nunca mais ninguém me roubaria de mim.

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