quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Mero surreal

  Estava na escuridão, eu enxergava a vida com sofreguidão e o amor, como dor. Você veio e acalmou as tempestades, fez-me reviver... És a minha luz no fim do túnel, o meu anjo da guarda, enviado pela divindade com o propósito de enaltecer meu lado bom e reajustar minha face ruim. É de ti que encho-me quando me sinto só, são as suas lembranças que tiram-me do Reino de Hades, que por muito pelejo em sair e eis que estou a conseguir; aos poucos, em passo sutil mas pertinente. Tens sido a corda que me puxa para o alto e retira-me do fundo do poço, a brisa que afaga minha pele calorenta, o riso que contagia meu olhar, meu olhar que mansamente se abre para ver a vida passar novamente, para ver a vida nova, para ver a vida.
  Agradeço ao aperto por me dar o prazer do alívio folgado e espreguiçado, de quem desperta de um ano e meio de pesadelos... Sou reta, direta; fato. Já me escondi em demasia, agora me exibo; grito aos quatro cantos a alegria que torna a bater em meu peito. Essa alegria tem seu nome e seu nome me liberta desse inferno casual.
  Tua presença tem amplitude maior que um mero ''surreal'', te peço que ignore toda e qualquer tentativa frustrada de descrever a magnificência que és. Respirar teu cheiro, te sentir na ponta da língua com um beijo molhado e selado, livre de qualquer maldade humana, divina ou satânica; beijo de um amor parnasiano. Abraço quente, semelhante ao cobertor que cobre uma criança em noite de chuva e trovão. Esse carinho e zelo que tanto almejei... Tudo é tão certeiro e inexplicável, ainda bem.
  Queria esquecer essa loucura de passado, enterrar qualquer nebulosidade vã; não dá. Mas não vamos nos afligir, aprendo a lidar. Engulo qualquer indiferença de gente pequena pelo sofrimento que me causou - verbo no passado. Passou, não volta e estás aqui, não há o que temer, é me entregar de corpo, me entregar de alma; te entrego meu bem e meu mal, é tudo teu.
  Tua fala mansa e teu olhar de cautela me paralisam; faz-me sentir a eletricidade dessa paixão em cada vértebra da coluna, eriça meus pelos e rosa minhas bochechas. Sintomas de quem quer entrar nessa e não voltar mais, de quem larga tudo e se arisca a errar só pelo prazer de tentar. É contigo que quero re-construir-me, é contigo que quero construir uma vida, seja longa ou não; é contigo.

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